11 de fevereiro de 2010

O Arroz e a Panela

Posted on 10:13 by Wesley N Rodrigues

Esta aqui é mais uma das peripécias que aprontei durante os anos áureos da faculdade de engenharia. Pra ser bem sincero, essa aqui foi uma das primeiras...
Me lembro que quando eu era criança e adolescente ainda morando em casa com a minha família lá em Brasília, eu era um sujeito que nunca teve a curiosidade de chegar perto da cozinha na hora que minha mãe estava preparando o rango. Ou seja, eu não tinha nem idéia de como preparar um arroz, cozinhar um feijão, ou preparar alguma coisa mais elaborada. Fritar um ovo a gente nem comenta, porque se a pessoa possui pelos menos dois neurônios fazendo sinapse, subentende-se que isso ai não é uma tarefa que vai depender de muito intelécto e de conhecimentos gastronômicos para se executar. Não que eu seja um “chef internacional” de cozinha, mas pelo menos hoje em dia já sei fazer alguma coisa pra não morrer de fome...
Pois bem. Me recordo do meu primeiro final de semana na faculdade após o período turbulento dos trotes, quando podiamos usar os ambientes coletivos da moradia estudantil sem muita preocupação de ser importunado pelos veteranos. Neste final de semana resolvi dar um dos meus gritos de “independência”, ou pelo menos aceitar o fato de que agora não teria mais o “feijãozinho da mamãe” disponível nos finais de semana para comer.
O que aconteceu foi que comprei arroz, um bifão de carne de terceira (pra variar) e resolvi me atrever a cozinhar sem jamais ter o feito. Peguei as panelas que ganhei da minha mãe e me dirigi a cozinha onde já haviam alguns veteranos fazendo a “gororoba” do almoço de sábado. Sem muita cerimônia, peguei uma pequena vasilha e coloquei o arroz para lavar (YES!, eu sabia que tinha que lavar o arroz antes), enquanto isso eu despejava meio litro de óleo dentro da panela, jogava uma cebola que havia acabado de picar e deixei esta mistura “refogando” enquanto eu me degladiava com o bife de terceira tentando deixar ele com cara de filé mignon.
Neste interim, a cebola queimou, o óleo já estava quase chegando ao seu ponto de fulgor (perguntem ao Mr. Google o que isso significa), os veteranos já estavam olhando para a minha cara querendo rir, mas a minha “humildade” de garoto de 17 anos era tão grande, que resolvi ignorar os olhares e continuar na minha tentativa já frustrada de fazer o arroz.
Para terminar com chave de ouro, joguei o arroz na panela e praticamente afoguei aquela mistura com água até quase transbordar tudo. 50 minutos depois, o arroz vaticano estava pronto. Para quem não sabe o que é arroz vaticano eu explico: “PAPA”.
Os veteranos se seguraram enquanto puderam para não rir, mas chegou uma hora que não deu. Quando eu tentei tirar aquela mistura de grude com cebola queimada de dentro da panela para por no prato, cheguei a conclusão que a panela tinha dado P.T (Perda Total) e os caras não perdoaram: Cairam na gargalhada. O arroz não saia da panela nem com britadeira! Acho que seu eu patenteasse aquilo lá, ganharia dinheiro vendendo a melhor cola do mundo! Talvez até a LOCTITE comprasse a fórmula...
Depois de perceber que era hora de descer do salto e pedir ajuda, um colega que era veterano da turma de agronomia, tomou a iniciativa baseado no meu constrangimento perante a galera e me perguntou: “Bixão, já tinha feito arroz alguma vez na sua vida?”.
Bem, a resposta baseada nos fatos não poderia ser outra que um “não” tentando esconder a cabeça dentro de um saco de supermercado. Ele deu uma risada e me disse: “Joga esse grude fora, lava a panela e depois volta aqui que vou te ensinar a fazer um arroz descente”.
Sem muitas opções e tendo que engolir meu orgulho, lavei a panela e tive uma aula de como fazer arroz. Aquele dia posso dizer que a brincadeira de “gourmet” na cozinha durou algo em torno de umas 3 horas. Só aí pude me sentar, comer um arroz melhor do que a papa que eu havia feito, junto com um bifinho de carne de terceira que pelo menos ficou mais bem preparado se comparado com o arroz.

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