3 de fevereiro de 2010

O chupa-cabra

Posted on 11:23 by Wesley N Rodrigues

Andei meio corrido ultimamente, pois estava no Brasil de férias e retornei ao Canadá agora. Quando a gente chega, creio que vocês sabem, temos que tentar por a vida em ordem e aos poucos se acostumar a mudança climática, já que saí de um sol maravilhoso no Brasil para menos dezoito graus aqui no Canadá e aquela merda branca conhecida como neve, que não para de cair. Honestamente, me pergunto como alguém gosta disso, mas enfim... morar no exterior também não são só flores.

Lembrei desta história aqui, que aconteceu durante a aula de Termodinâmica 1 na faculdade. O professor que ministrava esta disciplina era o Gasche. Jose Luis Gasche. Tipico professor caxias, daqueles criados com a avó, que gostava bastante da atenção dos alunos na sala e usava disciplina rígida com aqueles que não estavam lá para “absorver” com atenção, os conhecimentos que ele tinha para nos passar.

Tudo começou quando meu amigo Aloprado resolveu contar uma piadinha, para mim e para o Simonetti, sobre a mitológica figura do “chupa-cabra”. Creio que muitos de vocês irão se lembrar do episódio que ocorreu naquele ano de 1997, quando uma tal criatura matava cabras no interior do país, sugando o seu sangue sem deixar nenhuma gota escorrer do corpo do animal, como se secassem eles por dentro.

Pois bem, não me recordo dos detalhes da piada, mas dizia ela que o “Chupa-Cabra” era gaúcho e lá nos pampas se chamava “Chupa-Cobra”...

Foi o suficiente para eu e o Simonetti começarmos a rir. O problema era que o Simonetti sempre teve uma risada um tanto quanto indiscreta. Neste momento o Gasche simplesmente olhou para trás com o ódio estampado na cara, procurando quem estava interrompendo sua majestosa aula com tais gargalhadas.

Ao perceber que eu e o Simonetti eramos os responsáveis por tal afronta, ele olha para nós e simplesmente disse: “Wesley, Simonetti, os dois na minha sala hoje a tarde!”.

Neste exato momento o resto da galera na sala começou a fazer a balbúrdia querendo tirar um sarro com a nossa cara, e sem demoras o Gasche olhou para trás e disse: “Se alguém mais quiser se juntar aos dois, que fique a vontade!”. A turma calou na hora e não se ouviu mais um barulho naquela aula até o seu fim. O cidadão simplesmente cuspiu a matéria na lousa, esperou dar a hora e saiu da sala sem falar mais nada.

Pra variar, saimos eu e o Simonetti da sala dele pensando o pior. Pra falar bem a verdade, somente eu; o Simonetti não estava muito aí para o que ia acontecer.

Chegada a hora de ir a sala do professor, fui eu o primeiro. Entrei e comecei ouvir aquele esporro digno de adolescente no colegial em escola de padres. Pensei comigo mesmo e percebi que era melhor engolir aquele sapo, do que ser expulso da universidade ou tomar pau na disciplina, já que Termodinâmica 1 atrasava bastante a vida do indivíduo que fazia Engenharia Mecânica.

Ao sair da sala do professor, tomei uns dois goles d’água pro “sapo” não descer tão a seco e vi o Simonetti chegando. Como a sabatina comigo havia sido apenas cinco minutos, imaginei que com ele seria o mesmo e resolvi espera-lo do lado de fora da sala do professor, para irmos juntos para a aula que teriamos em seguida.

O problema foi que a sabatina dele não durou só cinco minutos. O Simonetti chegou na sala do Gasche achando que estava na casa da sogra, e solta o seguinte palavreado já no começo da conversa: “E aí JOSE LUIS, o que tá pegando?”. O que aconteceu a seguir foi cômico, para não dizer que foi trágico...

O professor simplesmente olhou pra ele e disse: “Em PRIMEIRO LUGAR, quem me chama de JOSE LUIS, é só meu pai e a minha mãe!”. Não estava dentro da sala para ver, mas consigo imaginar a cara de mer... que o Simonetti devia estar. Depois disso, a sabatina dele foi mais longa do que seria a missa do galo rezada pelo Padre Quevedo.

Em suma: Saímos os dois da sala do cidadão sabendo que naquele semestre, Termodinâmica 1 seria a principal matéria a ser estudada, ou então iriamos dançar...

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