17 de novembro de 2009
Hippies Uruguaios
O ano se bem me lembro era 1997. Eu, o Nabo e o Salsicha fazemos aniversário em outubro, logo no começo do mês, então decidimos fazer um churrasco com os amigos comuns para celebrar o evento. O local seria a famosa república Tabajara, que tinha como membros o próprio Salsicha, o Ramiro, Camundongo, Macumba, Rola e o Broba. Sem contar os inúmeros co-habitantes, eu me incluo nessa, aqueles que passavam o dia lá as vezes até dormiam, mas não participavam das contas da casa.
O evento seria algo grande. A república dos caras era uma das maiores daquela época e tinha uma área bem grande. O Nabo era de Três Lagoas, cidade do Mato Grosso do Sul vizinha a Ilha Solteira e iria convidar alguns amigos de lá para virem a nossa festa de aniversário. Seria no sábado dia 04 de outubro.
A festa estava rolando, a tradicional Schincariol com carne de terceira estava descendo que era uma beleza, até que certa hora da tarde chegaram duas amigas do Nabo, com três Hippies acompanhando elas. Eu conhecia uma das meninas, e coincidentemente, na hora que elas chegaram, eu estava na frente da república batendo papo com dois camaradas. Reconheci a moça e deixei-a entrar junto com seus amigos, já que eram todos amigos do Nabo.
Ao entrarem na casa, foram se dirigindo até o quintal onde a festa estava acontecendo de verdade e como entre engenheiros não existe cerimônia, os amigos do Nabo já entraram no clima. Foram pegando a cerveja, a carne e logo, logo já estavam inturmados com todos nós. O interessante foi que os amigos hippies do Nabo, começaram a puxar papo com a galera e percebemos que eles possuiam um sotaque um tanto quanto “portenho” na fala. Algum iluminado perguntou por curiosidade para eles de onde eram, e falaram que eram Uruguaios. Menos mal, podiam ser Argentinos...
Quando ele falou isso, a pouca meia duzia de três ou quatro que estavam ao nosso redor, começou a ficar preocupada. “Como assim Nabo, não conhece os caras?”. Chamamos a mocinha amiga do Nabo de lado e perguntamos pra ela, de onde ela conhecia os “hermanos” e se eram amigos de longa data. A resposta dela, ei de confessar... deixou a do Nabo no chinelo: “Então, conheci os caras dentro do ônibus que vinha pra Ilha Solteira, eles me perguntaram para onde nós estavamos indo e dissemos que vinhamos para a festa de aniversário de um amigo. Ai eles simplesmente seguiram a gente e vieram juntos pra festa!”.
Amigos, 12 anos depois do ocorrido eu dou muita risada, mas confesso que na hora instaurou-se um certo clima de pânico no ar. Hippies, Uruguaios, que ninguém conhecia. Excelente... principalmente para os donos da casa!
Ficamos monitorando o movimento dos caras e nada de mais aconteceu. Ficaram na festa, foram conosco pegar a balada no bar do D.A a noite... até aí tudo ia bem. Quando saímos do bar do D.A um dos hippies chegou para o Salsicha e solta: “Hermano, podemos posar em tu casa esta notche?” o Salsicha, depois de beber o dia inteiro e a noite também, já havia perdido a noção das coisas há tempos e fez a camaradagem com os caras para o desespero dos outros integrantes da república. Os caras dormiram lá de sabado para domingo, de domingo para segunda, de segunda para terça, etc, etc, etc...
Saíam de manhã para fazer os artesenatos deles e ganhar uns trocados, mas a noite voltavam pra república dos caras para dormir. Não gastavam água nem luz dos caras, pois não tomavam banho, nem tinham equipamentos eletrônicos para usar, mas de qualquer forma o povo não podia deixar a casa vazia em nenhum momento do dia, pois afinal de contas, sempre existiu o medo do assalto e nessa, sobrou para os co-habitantes, eu me incluo no grupo, monitorar a segurança da república. Faziamos rodizio na casa, para nunca deixar ela vazia, o que muitas vezes sacrificou os horários de aula de alguns. Combinamos um esquema de rodizio de duas horas, todo dia, até que um belo dia, eles se despediram e foram embora. Em suma: os caras moraram na república Tabajara por cerca de um mês seguido. Acreditem se quiser!
Passado o trauma inicial deste episódio e os caras quase terem expulso o Salsicha da república pela sua “camaradagem” com os Hippies, a vida voltou ao normal. Continuamos frequentando as aulas até que chegou o feriado do 15 de novembro. Eu como morava longe, raramente ia para Brasilia rever minha familia e este seria mais um feriado que eu ficaria por lá. Como os caras precisavam de alguém para olhar a casa, me deram a chave e fizemos um bem bolado. Eu vigiaria a casa para eles e em contrapartida, usaria o computador da república para agilizar os meus relatórios que estavam atrasados. Não senhoras e senhores, não existia internet naquela época acessível como hoje.
O feriado se não me engano caiu em uma quinta-feira, e no sábado a tarde, estava eu dentro de casa com as janelas fechadas, pois estava um pouco frio aquele dia, quando toca a campainha. Ao abrir a porta para ver quem era, não sei se vocês conseguem imaginar quem estava do lado de fora? Yes ladies and gentlemen, eram os hippies em pessoa. “Buenas tardes hermano, como passa?” disseram eles, já abrindo o portão para entrar.
Meu reflexo foi rápido. Fechei a porta atrás de mim, tranquei com a chave deixando tudo para trás ligado (computador, televisão, etc) e fui saindo da casa. Eles perguntaram onde estavam os caras e eu disse que como era feriado, todos tinham ido embora para suas cidades de origem e não voltariam até segunda de manhã. Eles ficaram tristes, pediraram para eu transmitir os “cumprimentos portenhos” aos amigos da república e foram embora. Imaginem vocês o que iria acontecer comigo se aqueles hippies tivessem entrado dentro daquela casa e os caras chegassem segunda-feira e os encontrado lá? Bem, dá pra imaginar certo?
Moral da história: Nunca convidem Hippies para passar uma noite na sua casa. A noite poderá durar semanas!


3 Response to "Hippies Uruguaios"
Duas semanas?! Dois meses, eu diria... Daí para pior... hehehe
Adorei a história! hehehe
Porra monsier! Tinha que ter deixado os hermanos entrar!
Hahaha Gargamel, vai preparando um livro de memórias pro proximo encontro da galera.
Muito legal seu site. Essa dos hippies foi foda mesmo.
Abraços
NABO
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