14 de novembro de 2009
O dia da matrícula
O dia da matrícula na faculdade era o dia mais esperado por toda bixarada (entenda-se aqui calouros). Era a realização do sonho de ingressar na universidade, encerrando assim o ciclo do segundo grau e dos famigerados cursinhos preparatórios. Também era o dia mais esperado pelo veteranos. Principalmente os do segundo ano de faculdade. Agora era a hora deles se vingarem em cima daqueles pobres coitados, de cabelo raspado e que não tinham nada com o fato deles terem sido trepudiados pelos outros veteranos. Tenho que confessar que perto do universo de trotes que rolavam na faculdade, o dia da matrícula era até tranquilo. Os infelizes que não chegavam de cabelo raspado, tinham a (in)felicidade de serem rapados com um tosador que os alunos da Agronomia usavam pra tosar carneiros. Olha... não fui um destes felizardos, mas garanto pra vocês que ter os cabelos "tosados" não era uma das melhores coisas do mundo. Até porque um erro no manuseio do equipamento na hora H, podia resultar em algumas cicatrizes na cabeça do infeliz. Mas, uma das coisas mais engraçadas que vi naquele dia e que até hoje não me esqueço foi a venda de rifas de calculadora. Antes de entrar neste assunto, queria recapitular uma coisa que não comentei com vocês e que de certa forma é interessante ser comentado: Como fui parar lá naquela cidade. Bem, fazendo uma longa história curta, eu tinha um amigo de segundo grau, cujo o irmão já estudava lá e cursava engenharia civil. Pois bem, este cidadão me deu suporte inicial durante a minha jornada na universidade. E.. no dia da matricula ele estava lá me dando alguns conselhos, entre eles:
"NÃO COMPRE NENHUMA RIFA DE VETERANOS. SÃO FALSAS! VÃO PEGAR SUA GRANA E FAZER FESTAS EM REPUBLICAS".Bem... recado dado. Como disse, no dia da matrícula os veteranos ficavam mais mansos, afinal de contas, eles estavam dentro do câmpus, com funcionários observando o movimento deles e um deslize podia resultar em uma advertencia, suspensão e até expulsão da universidade. Coisa que não seria legal pra ninguém... ainda mais se fosse alguém dos ultimos anos de curso.
Entre uma rifa e outra, se aproximou um veterano que depois se tornou um grande colega. Mas, como bixo é bixo, ele veio me oferecer uma rifa pra uma calculadora científica "HP48G". A oferta era tentadora: Cada rifa valendo "um" dinheiro (desculpa gente, não lembro valores, mas sei que na época não era real) enquanto o preço total daquela maravilha seria algo 200 ou 300 vezes mais caro que a tal rifa! Realmente seria um negócio da China para o ganhador da rifa, tirando o fato que... a rifa não era real. Pra quem não sabe o que é uma calculadora científica HP48G, eu digo apenas uma coisa: Quando me formei em engenharia no fim de 1999, podemos dizer que todos os alunos que ali estavam se formando, deviam mais de 50% do seu diploma as milhares de facilidades que essa calculadora nos trouxe.
Voltando ao assunto, depois de me desviar várias vezes... após me oferecerem a rifa e eu educadamente recusar, alegando falta de verba para tal, eis que o pai de um calouro que estava se matriculando viu os colegas me oferecerem. De bate o pronto o cidadão fala: "Quero duas, quanto custa?". Após saber o preço, o mesmo indivíduo se empolga e solta: "Não, quero cinco! Se eu ganhar este sorteio vou economizar uma grana em calculadora pro meu filho!". Bem... me lembro de ter olhado a cara do filho dele, se escondendo de vergonha dentro da sua camisa e pensando: "PQP, meu pai é um mané! O que vão pensar de mim?". Pois é gente... assim como eu, muitos de vocês devem achar que "ser mané" é genético, mas pelo que pude perceber do rapazinho naquele momento, isto não é verdade. Mal comecei a faculdade e já pude comprovar alguns teoremas, mesmo que estes não se aplicassem diretamente a área de engenharia...

1 Response to "O dia da matrícula"
Ser mané em SC, é um baita motivo de orgulho!! hahahah!
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