16 de novembro de 2009

Buterfly, o novo Fokker 100

Posted on 11:42 by Wesley N Rodrigues

As vezes acho que quem anda acompanhando meu blog deve pensar: Ou esse cara é mentiroso, ou tem uma criatividade fora do normal. Nenhum dos dois. Realmente o que relato aqui, aconteceu verdadeiramente e temos várias testemunhas de cada história destas.
Esta história também, é um pouco absurda pra quem lê, mas tenho que confessar que até nós, que estudamos lá e estavamos acostumados com coisas não tão habituais no quotidiano de pessoas comuns, ficamos espantados com esse episódio.
Primeiro como sempre faço dou a introdução da história. Creio que muitos de vocês devem se lembrar do acidente aéreo com o Fokker 100 da TAM em 1996, mas precisamente no dia 31 de Outubro daquele ano. Este acidente sem sombra de dúvida, foi uma das maiores tragédias da aviação brasileira.



Vocês devem estar pensando: "o que o acidente acima tem a ver com a história?" Calma, guardem bem as datas.
Me recordo que em 1997 na turma dos calouros daquele ano, entrou um dos bixos mais malucos que tive a oportunidade de ver naquela faculdade. O cara era tão retardado, que as vezes misturava nos veteranos um sentimento de ódio e pena do sujeito ao mesmo tempo. Ele chegou ao alojamento da faculdade, procurando uma vaga na moradia, de cabelo comprido (como o de mulher, grande mesmo!), colete de couro, óculos escuro ao estilo John Lenon e ainda quando os veteranos foram cortar o cabelo dele, ele tentou tirar a tesoura da mão de um veterano e quis fazer uma gracinha com o cara. Isso na minha época era suicídio, pedir pra morrer na mão dos veteranos. Nesta época, eu já estava no quarto ano de faculdade, e tenho que confessar que a empolgação dos veteranos para os trotes, vai diminuindo a cada ano que passa como uma curva exponencial negativa. Naquela época eu já não tinha mas a mesma motivação que tinha em 1995, quando era meu segundo ano. Mas mesmo assim, ao ver aquela cena, tive que tomar a frente, como um bom veterano do quarto ano orientando os segundanistas e tosamos a cabeça do infeliz. Acreditem.... está foi só a primeira de uma série quase infinita de cagadas que este sujeito fez durante o tempo que ficou naquela escola. Creio que ele abandonou no fim de 1998, se não me engano.
Devido ao seu jeito rebelde e os trajes que estava usando no dia em que chegou a moradia, não demorou muito pra algum veterano brilhante arrumar um apelido pro indivíduo. Butterfly (borboleta).
A história de verdade começa agora. As sextas e sábados, o bar do D.A (diretório acadêmico) era o destino certo da moçada da cidade, estudantes ou não. Tenho que confessar que o público masculino que era da cidade e não era estudante, não frequentava muito o local, mas as mocinhas sim. Davam um certo ar de equilíbrio numérico no ambiente, já que em uma escola de engenharia mulher é coisa rara. Bonita então, nem se fala. O bar do D.A ficava no centro da cidade, exatamente em cima do Forum Municipal. Possuia uma grande varanda que contornava o perimetro inteiro do prédio. Era uma coincidência, mas a arquitetura do local representava na prática a organização socio-politica do Brasil: Os baderneiros (estudantes) acima da justiça (Forum Municipal). Em um sabado destes da vida, algumas semanas após o episódio descrito acima, me recordo ter chegado tarde no bar do D.A. Ele costumava abrir por volta da meia noite e devo ter chegado mais de uma e meia da manhã.
Ao subir a escada lateral que dava acesso direto ao interior do bar, na pista de dança, topo de frente com meu amigo 608 que de bate pronto manda: "Pô velho, acho que seu amigo vai pular da sacada da varanda do D.A!?". Eu nem dei muita atenção as palavras do meu amigo, mas foi só dar um passo pra frente, que percebi que todos, mas TODOS, que estavam na pista de dança sairam correndo pra varanda ver o que tinha acontecido. Obviamente eu dei meia volta e me juntei a multidão que se aglomerava no alpêndre da varanda para ver o que havia acontecido. Ao olhar para baixo vejo ninguém mais, ninguém menos que o nosso colega Butterfly, estirado no chão como aqueles corpos que vemos em filmes policiais. A varanda do bar do D.A tinha algo entre 5 e 6 metros de altura do nível do solo. Dá pra ter uma idéia do estrago que fez no sujeito.
Naquela época, o Cotonete era o presidente do D.A. Sem muitas demoras, ele como responsável por tudo que acontecia no local, desceu mais que correndo e com ajuda de outros colegas levou o sujeito até o hospital da cidade. Não preciso dizer à vocês que o grande Butterfly, que logo após o episódio foi instantanêamente re-apelidado de FOKKER 100 (em associação a tragédia que já mencionei acima), estava completamente bêbado, senão drogado. Ao chegar lá no hospital, a enfermeira de plantão ouviu toda a história e fez alguns testes no rapaz (?). Disse que não havia nada demais com ele e deu apenas um remédio como um dorflex da vida, para aliviar a dor e mandou o rapaz embora dormir. Disse que no dia seguinte ele estaria bom.
Antes de continuar, só mais um parênteses: Na minha época de estudante universitário, era preferível ser um criminoso do que um estudante de engenharia. Não eramos muito benquistos pelo moradores da cidade. O motivo, depois de ler minhas histórias, vocês tem como imaginar.
Voltando: Os universitários que acompanharam o sujeito até o hospital ficaram meio indignados com a atitude da enfermeira. No final das contas, tiveram que sair de rabo entre as pernas e ainda ouvindo aqueles famosos comentários do tipo: "Quem sabe das coisas aqui sou eu!". Lembro que levaram o FOKKER 100 para o alojamento, deixaram ele dormir com alguém supervisionando ele e no dia seguinte, quando o efeito do alcóol passou, o sujeito não se aguentava de dores. Levaram-no de novo ao hospital e pelo menos desta vez alguém deu um diagnóstico mais plausível: Fraturas nos dois braços e uma costela quebrada.
Perto da tragédia em Congonhas menos de um ano antes, até que este FOKKER 100 teve um destino menos trágico....

2 Response to "Buterfly, o novo Fokker 100"

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Anônimo Says....

O mais interessante de tudo é o hospital ter liberado o cidadão dizendo que não era nada. Será que ainda está assim o hospital de ISA? Valia um belo processo no hospital, poderia ter rendido uma grana pro voador.

Davi, amigo do Bond.

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Anônimo Says....

Aconteceu a mesma coisa comigo. Dorflex na veia e rua. Universitário que nada, vai morrer na tua cidade. Em ISA engenheiro é tão odiado que placa de obra tem "pedreiro responsável".

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