15 de novembro de 2009
Caipirinha Vermelha
É interessante a praticidade de um blog quando queremos publicar idéias. Tenho um blackberry e isto facilita ainda mais, porque muitas vezes quando temos uma idéia, ou vem alguma história na cabeça, muitas vezes o computador não está a mão.
Esta outra história é bem engraçada também. Primeiro, como costumo fazer, vou apresentar o contexto da situação e dos personagens para que vocês se envolvam mais com a história.
Na minha turma de engenharia mecânica, havia um amigo que há muito tempo perdi contato com ele, mas este sujeito foi o personagem da história que irei contar. Mandela. Este era o "nome" da fera. Dizer que ele era negro acho que não preciso, ou melhor Afro-Brasileiro (virou moda isso agora). Mandela era um cara pacato, na dele. Aquele tipo de sujeito que quem o visse no dia-a-dia, falaria que não seria capaz de matar uma mosca. E era verdade. O problema é que, quando ele bebia, ou melhor por bebida, faria coisas que até Deus duvidaria.
Pois bem, como era tradicional na nossa faculdade, todos os anos acontecia o famoso campeonato de futebol de salão. Era algo que movimentava de verdade a vida da faculdade. A torcida, a participação das pessoas durante as partidas, ginásio de esportes lotado, tudo pra ver o famoso campeonato de futebol de salão. Nossa turma tinha um time de futebol jogando o campeonato. O famoso "Inspector Black". O nome foi inspirado no cachorro do Rapadura (o capitão do time), que por sinal foi inspirado em algum seriado ou desenho da TV. Me lembro de alguns nomes que fizeram parte do elenco deste célebre time: Rapadura, Popeye, Brancão, Bigurrilo, Irineu, Jorginho e mais alguns que não me lembro agora. O time era bom, mas durante muitos anos, a galera só bateu na trave. Vice colocado, terceiro, eliminado nas quartas, mas até que um dia a estrela do time brilhou. E não poderia ser um ano melhor. 1999, onde grande parte do elenco iria se formar.
Para celebrar tamanha conquista, depois de anos amargando derrotas, o velho Rapadura ofereceu sua república para fazermos um churrasco após o jogo, para comemorar o título. De certa forma seria um dos últimos churrascos onde teriamos toda a turma junto. Como mencionei, muitos ali iriam se formar naquele ano e não sabiamos quando iriamos nos reunir novamente para um churraco regado a Schincariol e carne de terceira, desembolsando cada um apenas a singela quantia de cinco reais (5 R$). Isso mesmo senhoras e senhores, quem duvida que era possivel fazer um churrasco com uma contribuição per capita tão baixa, realmente não sabia o que era uma escola de engenharia. Ainda mais aquela...
Tenho que admitir que naquele churrasco tivemos um pouco mais de mordomia. Alguém tinha feito uma "camaradagem" e comprou os ingredientes para fazer uma caipirinha. Me lembro que estavamos todos sentados ao redor da piscina (ou o que eles diziam que era piscina) da república do Rapadura, quando o anfitrião pediu gentilmente que alguém fizesse as honras e preparasse uma caipirinha para todos, pois os ingredientes estavam na cozinha só esperando por uma alma bondosa que soubesse preparar o "veneno". Após algumas desculpas esfarrapadas por parte de alguns e sem alguém realmente abraçar a causa e fazer as honras, o Mandela se ofereceu. "Pode deixar que eu preparo a caipirinha. Onde mesmo estão as coisas?". Após lhe indicarem o caminho da cozinha, continuamos no papo, relembrando os fatos gloriosos que levaram o Inspector Black a vitória do campeonato. Depois de alguns dez ou quinze minutos, volta o Mandela com uma jarra cheia de um liquido "vermelho" que ele intitulava caipirinha! Após o espanto geral e frente a recusa de todos em tomar "aquilo", sobrou pra mim verificar o que tinha dentro daquela jarra. Olhei dentro da jarra e constatei que havia limão, o cheiro de cachaça estava presente, mas não era só aquilo. Tinha um ingrediente extra que nem no visual, nem com o olfato, conseguir deduzir. Com o paladar definitivamente estava fora de questão. Jamais iria beber aquilo, ainda mais sabendo quem foi a pessoa que preparou. O Rapadura bem me lembro, pediu para eu ir até a cozinha averiguar o que o cidadão tinha aprontado. Ao chegar lá, vejo em cima da pia tudo que se esperava para preparar uma caipirinha: limão descascado, a garrafa de pinga quase vazia, o pote de açúcar aberto mas aquela tonalidade vermelha não veio dalí. Por um instante pensei que o condenado teria cortado a mão e preparado a caipirinha mesmo assim, mas em fração de segundos a resposta da nossa questão apareceu. Para minha surpresa encontro um frasco de LIMPOL MAÇÃ pela metade, dentro da pia, ainda escorrendo as gotas pelo lado de fora da embalagem.
Sai correndo e fui avisar a turma o que tinha se passado. Ninguém acreditou quando eu disse, mas sugeri aos que estavam duvidando ir até a cozinha e presenciarem com seus olhos. Mesmo com o fato vindo a tona, o Mandela ainda teve a coragem de oferecer o seu "nectar dos deuses" para a turma. Diante da recusa dos amigos em tomar aquilo, escuto a frase: "Melhor, assim sobra mais pra mim!" e com o mesmo impeto de quem decide pular do décimo andar do prédio, ele tomou a tal caipirinha direto na jarra sem fazer, a menor cerimônia.
2 Response to "Caipirinha Vermelha"
Diante dos fatos apresentados, ficam duas perguntas, uai: O que aconteceu depois? E why the hell vocês deixaram ele beber aquilo, mesmo sabendo que era um veneno (agora sem aspas... hehehe)?
Amigos, ainda vou contar pra vocês outra deste sujeito. Ai vocês me dizem se beberiam ou não o que ele preparava! =)
Abraço
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